quinta-feira, 1 de setembro de 2011

Sem rodeios

A graça do rodeio, não acho. Pra mim essa palavra, comparada a um som que manifesta extrema dor, é o verbo odiar de um presente muito presente na primeira pessoa, embora compartilhada por muitas pessoas de caracteres duvidosos, com um “r” na frente, para que o ato odiável não fique em evidência. A graça do rodeio, não vi, não sei. Desconfio que não haja graça alguma. Há, sim, muita covardia por parte de um alguém que ganha algum dinheiro em cima de um animal que sofre. O animal pula ao som da voz pretensiosa de alguém que faz versos pobres, diante de alguns que pensam ser esse ato uma manifestação cultural. Se você que está lendo isso compartilha também dessa ideia absurda, por favor tire o “ltural” da palavra que precede o ponto final da frase anterior e tome o resto para si. As pessoas que se propõem a participar desse tipo de festa sem o menor sentido, se encontram ali mais pelas bebidas e por suas oportunidades no campo afetivo, do que para ver os palhaços na arena. Dois palhaços: um palhaço declarado por cima e outro, sem escolha, por baixo. A crueldade está justamente nisso de não precisar do sofrimento gratuito e ainda assim ser esse o pretexto para que a coisa toda e sua monstruosidade se desenrolem. Não há quem convença de que existe graça no rodeio , além – lógico- da graça de ver o palhaço de cima sofrendo tanto, ou mais, quanto o que está por baixo, em todos os sentidos. Rodeio é igual a sofrimento e por isso é o oposto de festa. Rodeio é animal morto até nas vestimentas. Não há luta no rodeio, há injustiça. Os que fazem parte daquilo que não se esqueçam nunca disso: os únicos machos são os touros.