segunda-feira, 22 de novembro de 2010

Gênero espistolar

Oi

Estou escrevendo para me despedir. O título é uma tentativa de dar alguma graça à despedida. Que é de praxe ser triste, pesada. Tô indo e tá decidido! As pessoas falarão que eu trabalho pouco. As pessoas, tão engraçadas, não perdem a oportunidade de blablablás , mas adoram perder o precioso momento do silêncio. Silêncio! Bom, é provável que eu vá ver areia, porque não passo de um grão. Tenho plena consciência disso. Provavelmente vou inverter a ordem, horizontalizar. Você sabe muito bem que não me incomoda o cinza do nublado e sim o cinza dos prédios. Que os pintem de amarelo ou azul e em nada se aproximarão do sol ou céu. O homem e sua mania de tentar produzir natureza. Meu Deus, que pobreza! Vou sentir saudade sua e da cidade. Mas preciso de um tempo. Só aguento a dor porque ela passa e aguento a vida pelo mesmo motivo. Vou passar em outro lugar. Quero vento no ouvido. Quero Zephyros - vento de brisa. E aí quando eu cansar de lá, eu volto para as minhas necessidades inventadas. Pro meu celular, pro meu relógio e pra você.

Um beijo.

sábado, 20 de novembro de 2010

De nós

Hoje estou de mau-humor
meu amor
mas ainda te amo.

Tá difícil me encontrar nesse
um
que nos encontramos
mas ainda te amo.
Tens a tua
individualidade
é verdade!
Então vê se aceita
que o amor
não tem receita
que amor não é clichê.
Cala esse romantismo
de novela
que isso tudo
é balela.

Hoje estou de mau-humor
meu amor
mas ainda te amo.

terça-feira, 2 de novembro de 2010

Contrabaixo

Consegui o melhor lugar! Do meu ângulo, a caixa de som separava o baixista - meu preferido - do resto da banda. Nem mencionei que era um show. Pois então descrevo: era um show, era fim de tarde e era cerveja, muita cerveja. Eu estava em um banco branco, atrás da caixa de som. A que separava o baixista do resto da banda. A gente sempre elege um preferido. Que me desculpe o baterista e seus ombros descontrolados. O baterista tem a magia da coordenação motora, mais do que qualquer um da banda. Mas a minha predileção é pelo baixista. Que me desculpe o tecladista e seus dedos descontrolados. O tecladista tem a magia da visão panorâmica. E isso é lindo! Mas o baixista tem um olhar despretensioso e isso é ainda mais lindo. Que me desculpe também o guitarrista e seu corpo descontrolado. A guitarra é parte do seu corpo, guitarrista, algo como um membro. Mas compreenda, o baixista do sorriso largo, brilha e nem tem sol. Agora peço perdão ao vocalista e sua voz descontrolada. O vocalista é feliz, é perceptível. E isso é raridade! As pessoas hoje têm o hábito de fingir alegria. Mas vocalista, o baixista fica ali de lado só rindo. Meio hipnotizado com o público cantante. É lógico que um baixista só não faz canção! Por isso mesmo agradeço a todos vocês, mas foi o baixista quem roubou meu coração.